
Orixás
Os orixás são divindades cultuadas nas religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, sendo considerados intermediários entre os seres humanos e o Deus supremo, conhecido como Olorum ou Olodumaré na tradição iorubá. Cada orixá representa forças da natureza, elementos e aspectos da vida humana, possuindo características, cores, saudações, símbolos e danças próprias.
Orixás: Origem e Significado
Os orixás têm origem nos povos iorubás da África Ocidental (atualmente Nigéria, Benin e Togo). Com a diáspora africana, causada pelo tráfico de escravizados, o culto aos orixás chegou ao Brasil e a outros países, onde se mesclou a influências indígenas e católicas, dando origem a diferentes práticas religiosas.
Principais Orixás e Seus Domínios
Cada orixá está associado a um elemento da natureza e a características humanas. Alguns dos principais são:
- Oxóssi – Orixá da caça, da fartura e das matas.
- Ogum – Guerreiro e senhor do ferro, associado à tecnologia e ao progresso.
- Oxalá – Representa a paz e a criação; associado ao branco e à sabedoria.
- Iemanjá – Rainha do mar, protetora da maternidade e da família.
- Oxum – Senhora das águas doces e da fertilidade; representa a riqueza e a delicadeza.
- Xangô – Orixá da justiça, do trovão e dos raios.
- Nanã – Representa a ancestralidade, a lama e o ciclo da vida e da morte.
- Iansã (Oyá) – Senhora dos ventos, tempestades e espíritos.
- Omolu/Obaluaiê – Ligado à cura e às doenças.
- Exu – Mensageiro dos orixás, dono dos caminhos e das encruzilhadas.
Os Orixás no Brasil
No Brasil, o culto aos orixás ocorre principalmente no candomblé (mais próximo das tradições africanas) e na umbanda (onde os orixás são sincretizados com santos católicos e interagem com espíritos de outras linhas). Cada seguidor dessas religiões tem um orixá regente, que influencia sua personalidade e trajetória.
Oxóssi – O Orixá da Caça, da Fartura e das Matas
Oxóssi é o orixá da caça, da fartura, do conhecimento e das matas. Ele representa a busca constante pelo sustento, pelo aprendizado e pela liberdade. Na mitologia iorubá, é visto como um caçador ágil, esperto e solitário, que garante o alimento e a prosperidade do seu povo.
Principais Características de Oxóssi
- Elemento: Florestas e matas
- Símbolo: Arco e flecha (Ofá)
- Cores: Verde e azul
- Dia da Semana: Quinta-feira
- Saudação: “Okê Arô!” (exaltação ao rei das matas)
- Domínio: Conhecimento, fartura, caça e proteção
- Comida ritualística: Axoxô (milho cozido com coco e mel)
- Sincretismo no Brasil: São Sebastião (no candomblé) e São Jorge (em algumas tradições umbandistas)
Oxóssi na Mitologia e Religião
Oxóssi é filho de Iemanjá e irmão de Ogum. Ele é conhecido por sua inteligência e habilidade com o arco e a flecha, sendo um exímio caçador. A mitologia conta que Oxóssi foi escolhido para matar um pássaro mágico que ameaçava sua aldeia. Com um único disparo certeiro, ele derrotou a criatura, garantindo a prosperidade do povo.
Na religiosidade afro-brasileira, Oxóssi é visto como o provedor, aquele que garante o alimento e a abundância. Ele também é um orixá ligado ao conhecimento e à busca pela sabedoria. Seus filhos são pessoas geralmente livres, curiosas, comunicativas e que gostam de natureza e aprendizado.
Oxóssi na Cultura Brasileira
No Brasil, Oxóssi é um dos orixás mais cultuados, especialmente na Bahia e no Rio de Janeiro. O dia 20 de janeiro é comemorado como o Dia de Oxóssi, associado ao sincretismo com São Sebastião. Em muitas festas e rituais, os devotos oferecem milho, frutas e velas verdes para homenageá-lo.
Filhos de Oxóssi
As pessoas que são regidas por Oxóssi costumam ter características como:
- Independência e desejo de liberdade
- Inteligência aguçada e interesse pelo aprendizado
- Habilidade de adaptação e criatividade
- Ligação com a natureza e os animais
- Carisma e bom humor
Oxóssi é um orixá de energia jovem e vibrante, que ensina seus seguidores a buscarem seus objetivos com coragem, precisão e sabedoria.
Oxóssi – Okê Arô! “Salve o Grande Caçador” 🏹💚
Ogum – O Orixá da Guerra, do Ferro e do Progresso
Ogum é o orixá da guerra, do ferro, da tecnologia, dos caminhos e da coragem. Ele é visto como um guerreiro incansável, um protetor dos trabalhadores e um desbravador que abre caminhos para o progresso. Na mitologia iorubá, Ogum é o ferreiro divino, o primeiro a dominar o ferro e a forja, tornando-se um símbolo de força e resistência.
Principais Características de Ogum
- Elemento: Ferro, fogo e caminhos
- Símbolos: Espada, facão, bigorna, martelo e corrente
- Cores: Azul-escuro e verde (às vezes vermelho)
- Dia da Semana: Terça-feira
- Saudação: “Ogunhê!” (expressão de força e respeito)
- Domínio: Guerra, trabalho, tecnologia, caminhos, proteção e justiça
- Comida ritualística: Feijão-preto, inhame e cerveja preta
- Sincretismo no Brasil: São Jorge (no Rio de Janeiro e em algumas tradições) e Santo Antônio (na Bahia)
Ogum na Mitologia e Religião
Ogum é um dos orixás mais antigos e respeitados dentro das religiões de matriz africana. Segundo as lendas, ele foi o primeiro a forjar armas de ferro, tornando-se invencível nas batalhas. Também é conhecido como o senhor dos caminhos, pois abriu estradas e trilhas com seu facão, possibilitando a expansão das civilizações.
Na tradição afro-brasileira, Ogum protege aqueles que lutam para sobreviver, como trabalhadores, motoristas, soldados, ferreiros e todos que dependem da força e da determinação para vencer obstáculos. Ele também é ligado à justiça e ao combate às injustiças, sendo um orixá que nunca foge de um desafio.
Ogum na Cultura Brasileira
Ogum é amplamente cultuado no Brasil, principalmente no candomblé e na umbanda. Seu sincretismo com São Jorge fez dele um dos orixás mais populares, especialmente no Rio de Janeiro, onde o dia 23 de abril (dia de São Jorge) é celebrado com festas, oferendas e procissões.
Na Bahia, Ogum é sincretizado com Santo Antônio, e é reverenciado em festas tradicionais do candomblé.
Filhos de Ogum
As pessoas que são regidas por Ogum geralmente possuem características como:
- Determinação e coragem para enfrentar desafios
- Espírito guerreiro e senso de justiça
- Energia intensa e inquietação
- Liderança e iniciativa
- Proteção às pessoas próximas
- Dificuldade em aceitar ordens ou submissão
Os filhos de Ogum costumam ser persistentes e não desistem facilmente de seus objetivos. Gostam de desafios e têm grande força de vontade para alcançar o que desejam.
Como Cultuar Ogum?
Se você deseja homenagear Ogum, pode fazer oferendas com velas azuis ou vermelhas, feijão-preto, cerveja preta e charutos. Lugares como encruzilhadas, estradas e ferrovias são considerados sagrados para ele.
Ogunhê! “Salve Ogum”🔥⚔️
Oxalá – O Orixá da Criação, da Paz e da Sabedoria
Oxalá é o orixá da criação, da paz, da fé e da sabedoria. Ele é considerado o mais respeitado entre os orixás, sendo associado a Olorum (Deus supremo na tradição iorubá) e visto como o responsável pela criação da humanidade. Representa a calma, a paciência e a justiça, sendo símbolo de pureza e equilíbrio.
Principais Características de Oxalá
- Elemento: Céu e ar
- Símbolos: Cajado (Opaxorô), pomba, sol e pano branco
- Cores: Branco
- Dia da Semana: Sexta-feira
- Saudação: “Epa Babá!” (respeitosa exaltação a Oxalá)
- Domínio: Criação, paz, fé, sabedoria e paciência
- Comida ritualística: Canjica branca, arroz branco e frutas claras
- Sincretismo no Brasil: Jesus Cristo (na umbanda e no candomblé)
Oxalá na Mitologia e Religião
Oxalá é o orixá mais velho e respeitado entre os orixás, sendo muitas vezes identificado como o próprio criador da humanidade. De acordo com os mitos, ele foi encarregado por Olorum de moldar os seres humanos a partir do barro.
Na mitologia iorubá, há duas manifestações principais de Oxalá:
- Oxalufã – Representa a forma mais idosa de Oxalá. É um ancião sábio, paciente e calmo. Está ligado à paz e ao equilíbrio espiritual.
- Oxaguiã – Representa Oxalá jovem, dinâmico e inovador. Ele busca transformar e melhorar o mundo.
Ambas as manifestações carregam a energia da criação e da serenidade, sendo reverenciadas como forças que trazem harmonia e prosperidade.
Oxalá na Cultura Brasileira
Oxalá é amplamente cultuado no candomblé e na umbanda, sendo associado a Jesus Cristo devido à sua pureza e ligação com o divino. No candomblé, ele é o orixá supremo da fé, e suas festividades são marcadas pelo uso de roupas brancas, oferendas simples e pedidos de paz e equilíbrio.
Na Bahia, a Festa do Bonfim (celebrada em janeiro) é um exemplo da forte devoção a Oxalá, pois a Igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador, é um local de sincretismo onde fiéis prestam homenagens ao orixá e a Jesus Cristo ao mesmo tempo.
Filhos de Oxalá
As pessoas regidas por Oxalá costumam ter características como:
- Personalidade tranquila e equilibrada
- Forte senso de justiça
- Sabedoria e paciência
- Preferência por harmonia e diplomacia
- Espírito de liderança, mas sem imposição
- Bondade e compaixão pelos outros
Seus filhos costumam ser respeitados pelo seu caráter nobre e pela maneira serena de lidar com os desafios da vida.
Como Cultuar Oxalá?
Para homenagear Oxalá, é recomendado:
- Usar roupas brancas às sextas-feiras em sinal de respeito
- Fazer oferendas simples, como canjica branca, arroz branco e frutas como coco e melão
- Evitar bebidas alcoólicas e carne vermelha em seus rituais
- Buscar momentos de reflexão e paz
Oxalá ensina que a paciência, a fé e a sabedoria são as melhores formas de alcançar a felicidade.
Epa Babá! “Salve o Pai!” ou “Obrigado, Pai”. 🤍✨