Não tem água … serve cerveja? Palavras de amiga de longa data que visitei no dia seguinte ao seu aniversário, cheguei sem avisar, não se faz isso, mas fiz …
Conhece-mo-nos no começo da década de 70 … pois seu irmão namorava uma amiga minha. E ela, sempre com uma alegria contagiante e olhos fortemente verdes, era uma companhia agradavel. E assim, a lembrança é aternamente linda.
Nossa amizade foi sempre de férias, quando íamos para a praia e as conversas eram de adolescentes, sem mais profundidade.
Fizemos uma viagem juntas, um grupo de cinco jovens. Saímos de São Paulo e fomos num Chevete até Biguaçu em Santa Catarina.
Santa Catarina no Inverno nos anos 70
Para quem não conhece, Biguaçu é grande Florianópolis.
Sábado a noite, acostumadas com Paraty e Sampa, queríamos dançar … mas Floripa … opa não era Floripa, era Florianópolis … e num tal de pergunta pergunta e achamos um baile, já não lembro em que bairro.
E no domingo, sem muita diversão, resolvemos dançar outra vez … e fomos em seis num fusca … cinco garotas e um amigo, dono do carro … quanta paciência ele tinha.
Outra vez, foi difícil achar um lugar para dançar … mas achamos …
E a confusão iria começar … nosso amigo falou – fiquem ai que vou para casa dormir … depois vocês pegam um táxi para ir embora – mas pedimos que ele esperasse um pouquinho, para vermos como era a barra no local.
Já no salão … duas do grupo começaram a dançar solto … mas eu e outra desconfiadas … descobrimos que estávamos em um inferninho ….
Vamos embora … vamos embora … e duas não queriam parar de dançar … reunidas buscamos a porta de saída … e dois gorilas falaram … não podem sair desacompanhas …
… e agora? Eis que soou uma voz … nosso anjo salvador … deixa ir … são aquelas paulistas que estavam no baile ontem.
O fusca estava quase saindo … chegamos e abrindo a porta e ele perguntou como fora … entramos as cinco no Chevette … vamos embora … vamos embora.
Sem onde dançar, o que fazer? Fazer um lanche e ir para casa dormir …
A caminho de Biguaçu, na rodovia paramos em um posto para um lanche … e uma fala … me dá um hamburguer … e o atendente muito bravo … não vendemos essas coisas aqui não moça … então dá qualquer sanduiche que vocês tenham …
Tempos mais tarde um gaúcho falou que Florianópolis só ganhou vida noturna depois que a Eletrosul foi para lá. Acho que é verdade …
15 anos depois
Voltamos a nos encontrar nos anos 80, agora senhoras com filhos.
Embora amistosa, a conversa não rolou, já mães, nossos olhares estavam nos rebentos.
Sessentonas
Reencontro, voltei a Paraty e a visitei sem avisar, descobrira que fizera aniversário no dia anterior … pedi água … Não tem água … serve cerveja?
E sem os hormônios da juventude, sem as preocupações de mãe e apesar das agruras da vida, temos conversas agradáveis e mais intimistas, como nunca fora.
… serve cerveja sim …